sexta-feira, 25 de abril de 2014

4-"Tu não estiveste comigo até agora comigo só para isto,pois não?"

Aquilo era o que Ana temia, a polícia religiosa. Dois homens seguraram-na pelo braço e outros dois no braço de Slimani, arrastando-os até à “esquadra”. Lá falavam entre si mas a rapariga nada percebia. Levaram o rapaz para uma sala logo alí ao lado e ela para uma cela. Ana tremia e o medo apoderou-se dela.
Passaram algumas horas, sabia que algumas mas não sabia quantas ao certo e continuava ali fechada sem saber de Slimani. Depois de horas ali fechada, apareceram dois guardas que lhe abriram a cela e a retiraram de lá. Conduziram-na pelos corredores até à saída. Podia sair? Assim sem lhe dizerem mais nada? Ana estava confusa, olhou para trás e o guarda fez sinal para sair, ela assim fez. Saiu e já era de noite, tinha passado mesmo algumas horas.
-Ana!-Era a sua amiga Maria que a esperava.

-Maria!-Ana aproximou-se dela e deu-lhe um abraço. Ana ainda tremia e a amiga sentiu isso.

-Tem calma! Já passou! Vamos embora?

-Sim!

Apanharam um táxi até casa e 15 minutos depois chegaram. Maria abriu a porta e Ana entrou. Na sala estava Slimani a andar de um lado para o outro com o telemóvel na mão. Assim os olhares dos dois se cruzaram, correram um para o outro e abraçaram-se.
-Desculpa!-Disse Slimani.

-Não tens de pedir desculpa. Eu é que quis ir.

-E eu não devia ter deixado.

-Tive tanto medo de já não sair mais daquela cela.

-Eu não ia deixar que isso acontecesse.

-Foste tu que fizeste com que eu saísse?

-Sim!-Assim que ouviu aquele sim, Ana aproximou-se dele e abraçou-o novamente.
 Quando se soltaram dos braços um do outro, colaram os lábios para um beijo calmo. Ainda não tinham separado os lábios quando entraram os pais dele em casa. Os dois nem repararam a chegada deles e só quando Maria chamou pelo irmão é que eles se afastaram, reparando na presença dos pais.
-Pai?! Mãe?!

-O que é que se passa aqui?-Era costume eles falarem e Ana não perceber mas desta vez falavam francês, talvez para eu perceber.

-Nada.- Respondeu o rapaz.

-Vocês estavam aos beijos.- Disse o pai dele.

-Não volta a acontecer!-Disse Slimani.                                                      

-Mais uma vez que eu veja isto e tens de ir embora daqui.- Disse o pai dele agora para mim.

-Sim. Peço desculpa.- Eles afastaram-se a rapariga foi até ao seu quarto. Passou ali o resto da tarde até à hora de jantar.
Ela estava deitada à espera da hora de jantar quando alguém bateu à porta.
-Sim?-Era Slimani. Ele entrou e fechou a porta, sem Ana lhe dizer que podia entrar.-Mas estás doido?

-Quero falar contigo para esclarecer as coisas.

-Eu também mas ia falar contigo amanhã.
 
-Agora já aqui estou.

-Diz lá então.

-Eu quero que saibas que eu gosto muito de ti e não quero que ninguém nos impeça de nada.

-Mas temos de ter mais cuidado.

-Sim, a única coisa que eu quero que mude é só mesmo termos mais cuidado.

-Eu também! Não me quero afastar de ti.- Assim que ouvi aquelas palavras, Slimani aproximou-se de Ana, segurou-lhe na mão e juntou os seus lábios aos dela.
 
9 Dias Depois (18 de Junho de 2013)...
Estes dias foram aproveitados para passear, até fora da cidade mas também para namorar, sempre com muito cuidado para não serem apanhados. Ana e Slimani adoravam correr riscos e o facto de puderem ser apanhados dava-lhes uma grande pica e vontade de arriscar mais.
Hoje esperava-os mais um dia desses. Slimani levantou-se muito animado por ser o dia do seu aniversário e a primeira coisa que fez foi procurar Ana, acabou por a encontrar na cozinha a preparar o pequeno-almoço.
-Bom Dia!-Disse Slimani alto o suficiente para que Ana se apercebesse que ele tinha entrado. 

-Bom Dia!-Ana virou-se para olhar para ele mas voltou a virar-lhe costas. O rapaz estava apenas de bóxeres sem mais nada vestido.-Tu não me apareças assim vestido ou despido!
-Porque? Tens medo de não me resistir mais do que tens resistido?
-Não é isso. E se aparecem os teus pais ou a tua irmã?

-Os meus pais saíram como sempre para ir trabalhar e a minha irmã disse que voltava depois do almoço.- Enquanto falava ele ia se aproximando aos poucos da rapariga, estando agora mesmo atrás dela.- Estamos sozinhos!-Falou-lhe agora ao ouvido. Ana estava de costas para Slimani e o corpo dele encostado ao seu e as palavras ao ouvido fizeram-na arrepiar-se.

-E? Estamos sozinhos como já tivemos outras vezes.
-Mas hoje podíamos aproveitar melhor o facto de estarmos sozinhos.

-Porque hoje?

-Faço anos!

-Parabéns!
-Obrigado
-Agora senta-te e toma o pequeno-almoço!-Ana tentava resistir o mais que podia a Sli mas estava a ser complicado.
-Obrigada por teres feito o pequeno-almoço!-Sentaram-se os dois a comer enquanto conversavam de coisas banais. Ana acabou de comer e levantou-se logo. Slimani levantou-se de seguida, agarrou na mão da jovem e arrastou-a até ao seu quarto. Fechou as janelas e trancou a porta.
-Até me assustas!
-Sabes que é para ninguém nos ver.
-Ver o que?
-Aquilo que possa acontecer.
-O que é que pode acontecer?
-O que quiseres e deixares que aconteça.-Slimani aproximou-se de Ana mas foi ela que colocou as mãos na face dele e o beijou.
Foi um beijo completamente descontrolado que levou aos momentos que se seguiram. Mais beijos, algumas carícias e menos roupa.

As roupas acabaram por voar por completo e os beijos um pouco por todo o corpo foram aumentando. Ana ainda tentou comandar o momento mas Slimani acabou por conseguir que mudassem de posições e ser ele a comandar. A partir daí foi tudo muito rápido e alguns minutos depois já estavam deitados lado a lado com as respirações muito aceleradas.
A jovem estava pensativa e o rapaz apercebeu-se. A cabeça da rapariga estava às voltas e a pensar que tinha cedido cedo demais, estavam juntos à pouco mais de 10 dias e já tinham dado mais um passo na relação que nem era estável, uma vez que o futuro daqui a uns meses também não o é. Pela cabeça de Ana também passava que para Slimani ela poderia ser apenas mais uma rapariga na vida dele e que poderia se ter aproveitado dela apenas para obter prazer.
-No que é que estás a pensar?-Perguntou Sli despertando-a dos seus pensamentos.

-Nada!

-Agora a verdade?

-Tu gostas mesmo de mim?

-Que raio de pergunta é essa?

-Não pediste para dizer a verdade? É uma pergunta.

-Claro que gosto!

-Nós estamos juntos à apenas 10 dias e isto já aconteceu.

-O que é que queres dizer com isso?

-Tu não estiveste comigo até agora só para isto,pois não?-Ana tinha medo de fazer aquela pergunta mas tinha de a fazer porque era aquilo que lhe ia na cabeça.

-Não acredito que me estás a fazer essa pergunta. Eu não sou desses.
-Desculpa mas é isso que me vai na cabeça.

-Talvez o facto de eu estar necessitado tenha feito com isto acontecesse tão depressa entre nós mas nunca o faria apenas por isso, aconteceu também porque gosto muito de ti.
-Também gosto muito de ti!-Slimani sorriu e deu-lhe um beijo curtinho. Ana levantou-se e vestiu-se, indo até à cozinha. Ele fez o mesmo de seguida.

-Aqueles pensamentos já se foram embora?-Apesar de ter acreditado nele, o medo estava sempre lá mas apesar de tudo confiava nele.

-Acho que sim!

-Ana…isto secalhar já devia ter acontecido ou não mas…-Ana olhava confusa para ele, não sabia o que ai vinha. Ele olhou para a mão dela, segurando-a e depois olhou nos olhos dela.-….aceitas namorar comigo?
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E foi este o 4º Capítulo!
Espero que tenham gostado tanto quanto eu amo escrevê-la!
Fico à espera das opiniões que são muito importantes para mim!
Beijinho e obrigada a quem se mantém sempre desse lado!


 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

3-"Prometo que te vou proteger ao máximo!"

Depois daquele beijo ambos sorriam mas não sabiam o que dizer. Permaneciam no mesmo sítio e olhavam-se nos olhos sem quais queres palavras saírem das suas bocas.
-E agora não dizes nada?-Acabou Ana por perguntar.

-Queres que diga o que? Fala tu.

-Beijas-me assim e depois quem tem de falar sou eu?

-Sim! Vais dizer que não querias isto tanto quanto eu?

-Já disse que não sei.

-Mas tu não sabes nada?

-Não sei, não! Eu quando decidi vir aqui, nunca pensei que estas coisas 
podiam acontecer! Eu nem sabia que a Maria tinha um irmão.

-E o que estás a acontecer é mau?

-Não! Mas não devia estar a acontecer! Sabes que não podemos!

-Não gostas de correr riscos? De quebrar as regras?

-Gosto! Mas e …se somos apanhados?

-Só se for pelos meus pais. Como é óbvio que não viu sair contigo à rua, 
não quero que nos aconteça nada.

-O que é que pode acontecer?

-Se saíssemos juntos à rua?

-Sim.

-Podemos ir presos.

-Presos?

-Sim, pela polícia religiosa.

-E não podem vir aqui a casa?

-Só se desconfiarem de alguma coisa.

-Começo a ficar com medo.

-Não tenhas. Eu estou aqui.

-Isto é tudo tão diferente. E os teus pais?

-Eles não iam dizer nada de certeza.

-Nem sei que dizer. Não sabia nada disso.

-É, isto aqui é um bocadinho complicado.

-Agora é melhor ir, antes que alguém perceba que estou aqui.

-E nós?

-Nós? Que nós?

-O beijo.

-Esquece isso. Faz de conta que não aconteceu.

-Mas eu não quero esquecer.

-Sli! Estás a complicar as coisas. Eu não quero ser presa num país que 
ainda por cima não é o meu.

-Mas não vai acontecer nada.

-Pois não! Porque entre nós também não vai acontecer nada.

-Então é tudo por causa das regras?

-Também!

-Também? O que é que te impede mais?

-Aquilo que sinto.- Havia coisas que Ana não lhe queria contar. Aquilo que 
ficou em Portugal, prendia-a um pouco.

-Por mim?

-Sim.

-O que é que sentes?

-Acho que isto é apenas uma atracão. Isto de ter de estar longe de ti, só 
fez com que me desse mais vontade de estar perto.- Ele aproximou-se 
dela e rodeou-lhe a cintura com os seus braços.

-E aí dentro não sentes mais nada?

-Talvez.

-Então é como eu. Podíamos tentar perceber o que é, em conjunto.

-Não, Sli! Esquece!-Ana soltou-se dele. Abriu a porta e depois de espreitar se ali    estava alguém, saiu em direcção ao seu quarto. Ali permaneceu até ser horas de     ajudar a preparar o jantar. Depois de jantar fechou-se no quarto e não saiu 
  mais.

4 Dias Depois…
Passaram quatro dias, Ana passou-os mais na companhia da amiga e a 
conhecer mais um pouco da cidade. Tinha-se afastado de Slimani, preferiu 
assim. Ontem assistiu à detenção de um rapaz e de uma rapariga que 
estavam a conversar um pouco cúmplices, o que a deixou ainda mais 
assustada. Não queria isso para ela e afastar-se era a solução.
Hoje acordou às 9h e passeou pela cidade com Maria. Voltaram a casa à hora de  almoço e de tarde já não saíram. Ana foi até ao quarto, onde ligou o portátil e 
matou as saudades dos pais. Estava a despedir-se deles quando alguém 
bateu à porta.
-Sim?

-Posso?-A porta abriu-se e do outro lado estava Slimani. Ana hesitou em 
deixá-lo entrar mas acabou por fazer-lhe sinal para entrar, fechando a porta a 
seguir e depois os estores.

-Que queres?

-Falar contigo.

-Fala.

-Eu gosto de ti. E não gosto que cada vez estejas mais afastada de mim.- 
O rapaz segurava-lhe nas mãos e ia alterando entre olhar para ela e para o 
chão. Ela parecia ter ficado surpreendida por ele ter ido directo ao assunto 
mas também decidiu falar finalmente aquilo que verdadeiramente sente.

- Sli eu também gosto de ti, sei bem que aqui dentro vai mais qualquer 
coisa do que apenas uma atracão e também a mim me custa estar a
afastada de ti.

-Então o que é que faz com que te afastes, com que me afastes de ti?


-O medo!-Ana encostou a sua cabeça no peito dele.
-Medo da polícia?

-Sim, isso assusta-me!

-É normal mas eu estou aqui. Prometo que te vou proteger ao máximo!

-Eu ontem assisti a um casal ser preso e não estavam a fazer nada de 
mal, estavam só a conversar.

-Se não estavam a fazer nada de mal, devem só ir ter uma reprimenda e 
saem a seguir.

-Ainda bem! Mas olha…sabes o que é que te digo? Não quero saber! 
Quero estar contigo, quero parar de fugir de ti por mais medo que tenha do   que possa acontecer.-Slimani sorriu, soltou as mãos dela para as colocar 
uma na cintura e outra na face da rapariga e colou os seus lábios aos dela 
para  ubeijo calmo. Os lábios tanto de um como do outro pareciam 
conhecer-se bem, apesar de só ainda se terem juntado uma vez.

-Nem imaginas como eu estou feliz!-Disse ele.

-Imagino sim! Eu também estou!

-Agora não fujas mais de mim!

-Só quando os teus pais tiverem em casa.

-Agora quem vai fugir sou eu. Tenho de sair!

-Vais onde?

-Ao estádio, o clube e o meu agente pediram para falar comigo.

-Posso ir contigo?

-Eu não fujo.

-Mas gostava de ir.

-Agora já não tens medo?

-Tenho mas podíamos arriscar.
                                                                                                        
-Podemos mas só se a minha irmã também quiser ir. Assim se acontecer alguma coisa, eu afasto-me e tu estás com ela.

-Então vamos!

-Podes me dar mais um beijo?

-Não sei! Tou a brincar!-Ela aproximou-se e juntou ao de leve os seus lábios aos dele. De seguida saíram do quarto e foram até à sala onde estava Maria.

-Maria queres vir ao estádio?

-O que é que vais lá fazer.

-Ligaram-me para lá ir.

-E a Ana?

-Ela quer vir!

-Vocês são doidos mas eu vou com vocês antes que aconteça alguma coisa.

Saíram de casa, entraram no carro e foram em direcção ao estádio. Pelo caminho Ana tentou não dar muito nas vistas e ia mais deitada que sentada. 15 minutos depois chegaram ao estádio do CR Belouizdad.
Saíram todos do carro, o Slimani seguiu para o estádio e a Ana e a Maria foram andando muito calmamente, parando mais à frente sentando-se num banco. Ali estiveram durante 20 minutos, até que o Slimani mandou uma mensagem à irmã para saber onde estavam. Maria respondeu e 5 minutos depois o rapaz já estava junto a elas.
-Então o que é que eles queriam?

-Falamos em casa. Vamos embora.- Estavam os três de costas quando Ana sentiu uma mão poisar no seu ombro, o que a fez saltar com o susto, assustando também Slimani e Maria. E não era razão para menos. Tinham arriscado demais.
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Olá a Todas!
Espero que tenham gostado deste capítulo!
Obrigada a quem se mantém desse lado apesar de demorar algum tempo a publicar. Fico à espera das vossas opiniões!
Beijinhos!